terça-feira, 19 de maio de 2015

Só em horário comercial

Vânia Savioli

Pau que nasce torto morre torto. Mas só a morte não tem remédio. Então vivemos o paradoxo das contradições.

Um edital cheio de falhas gerou um filhote problemático que ninguém quis assumir e, tão pouco, corrigir. Limitou-se, ao descobrir um de seus graves defeitos, a empurrar a aberração para debaixo do tapete. Uma orientação verbal para que a carga horária de produtores radialistas e jornalistas fosse equiparada, uma vez que, no exercício da mesma função e recebendo o mesmo salário, era o justo e o correto. E não se fala mais nisso. Não? Pelos menos até um novo governo, suspiraram aliviados alguns. Na lista dos aliviados incluam-se, por favor, os três sindicatos que nos representam, todos conhecedores dessa situação absurda e, quem sabe, o MP, que tudo sabe, tudo vê (quando quer).

Mas quem achava que tinha visto tudo se convenceu que tinha visto nada diante da paralisia que tomou conta dos órgãos públicos, tentando se adaptar a mais esquisita reforma que já presenciamos, e que, antes, só engessava a roda numa troca de gestão. Então, no meio da confusão geral, do “ninguém sabe nada”, surge a velha história de sujeitar jornalistas e radialistas a uma jornada de 8 horas. Dizem que há um parecer da PGE explicando que um ato jurídico do Estado pode suplantar a legislação federal que nos rege. Tomara que não seja verdade. Do contrário, fica claro porque Goiás sofreu um vergonhoso revés no Supremo recentemente. Se insistirem nesse assunto, vai sofrer outro.

Mas seria mesmo interessante descobrir como uma TV e duas rádios poderiam funcionar em horário comercial. Abre às oito, para ao meio dia; duas horas pra almoço; volta às duas, para às seis. De segunda a sexta. Sem plantão aos feriados. Não seria um sonho? Seria, se não fosse um fato desagradável. Desagradável deixar que os tecnocratas da Segplan tomem as rédeas de algo que eles não entendem de jeito nenhum. Esperamos que a direção da ABC chame para si a responsabilidade que lhe compete: gerir seus próprios negócios. Ou… que, no fim, seja apenas mais uma da Rádio Peão.


Texto publicado no Marco Zero ed.01.

Nenhum comentário:

Postar um comentário