(ou: concepção tumular pra que ninguém alegue ignorância)
Cristiano Deveras
Quando eu morrer escrevam no meu túmulo: aqui dorme pio que era poeta nas horas vagas. O que distanciou de tudo pra continuar mudo com suas amarras Aqui dorme alguém que era de todos e pertenceu a ninguém que imaginava muito mas só tinha um corpo que casualmente se tem que fazia poemas só para esquecer os dilemas do que era um e quis ser cem. Pensando bem escrevam mais: aqui dorme pio o que em sendo um foi quase mil.
Pio Vargas (1964-1991). O poeta goiano, nascido em Iporá, foi apontado por Paulo Leminski como seu sucessor. Embora tenha morrido pouco depois do genial paranaense, deixou uma obra que, embora pequena em quantidade, é imensa na qualidade e representação da poética moderna de Goiás.
Edival Lourenço ressalta que “sua poesia é densa e trágica, própria de quem traz pela vida uma agonia congênita, irremediável, desenganada, de quem chama para si as cólicas do mundo e lhes concede uma roupagem de alto requinte”.
Texto publicado no Marco Zero ed.01.
Nenhum comentário:
Postar um comentário