segunda-feira, 13 de julho de 2015

O que você gostaria de ouvir na RBC?

Fausto Borges | discotecário e produtor

Em junho completou um ano que estou na discoteca FM da RBC, onde sou um dos responsáveis pela pesquisa e programação das músicas da rádio. Sob a coordenação do Paulinho Azeitona começamos um ambicioso projeto de renovação estética da rádio, através do reaproveitamento dos recursos humanos da área artística, atualização do acervo musical, fortalecimento dos programas especiais e diversificação do público-alvo. O resultado desse trabalho foi comprovado por pesquisas de audiência que indicaram um aumento significativo de ouvintes, principalmente na faixa de 20 a 39 anos. A avaliação qualitativa também indicou boas críticas dos ouvintes nas redes sociais, até mesmo o Governador enviou ofício individualmente aos trabalhadores envolvidos na produção do programa Na Trilha do Blues e Sessão Jazz elogiando a qualidade.

Mas manter os avanços na área artística da rádio tem sido um desafio, as sucessivas mudanças de chefias e a perda de profissionais criam obstáculos à manutenção desse trabalho.

Durante esse período que na discoteca sempre vieram pessoas me procurar para falar “o que gostariam de ouvir na rádio”. Algumas argumentam que a rádio devia tocar só musicas nacionais, outras falam que devia tocar só os músicos consagrados, tem também os que defendem espaço para os artistas novos, aqueles que não aparecem na mídia comercial. Afinal, será que definir uma estética pelo gosto individual é o caminho certo?

As emissoras de rádio e TV que deram certo no campo da comunicação pública, como a TV Culutra e Rádio Cultura FM, mostram que a programação de uma emissora deva ser respaldada nos princípios da comunicação pública, abrangendo toda a diversidade étnico-racial, cultural e de gênero presente na sociedade. É claro que uma emissora de rádio bancada pelo cidadão goianiense, como a RBC, deve priorizar a música nacional e valorizar a produção regional, mas não pode se fechar ao “purismo”, pois a cultura brasileira não é desconectada do restante do mundo. E sendo uma emissora pública, onde a finalidade não é o lucro, mesmo com comercialização de espaços, sua programação não deveria ir além dos artistas da indústria cultural?

O fato é que para fazermos uma adequada reformulação estética das emissoras de rádio e televisão do Sistema Brasil central, devemos mudar lá na pergunta inicial.

O que a RBC, enquanto pública, deveria rodar na sua programação?

Só assim conseguiremos traçar uma linha estética e editorial objetiva que norteie o trabalho dos profissionais da emissora, para que eles possam produzir um conteúdo comprometido em levar educação e cultura à totalidade dos cidadãos.

Texto publicado no Marco Zero ed.02.

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